Texto base: Josué 4.1-24

Introdução

Vivemos em uma época cheia de frases prontas, versículos soltos e promessas rápidas. Basta abrir uma “caixinha de promessas” ou rolar o feed das redes sociais para encontrar palavras como: “Vai dar certo!”, “Tudo coopera para o bem!”, ou “Deus vai te surpreender!”. É como um biscoito da sorte espiritual. Mas, quando a vida aperta, será que ainda acreditamos nessas promessas? E mais importante: será que Deus realmente cumpre aquilo que diz?

Talvez você já tenha feito alguma promessa em momentos de aperto: "Se Deus me livrar disso, eu vou mudar de vida!". Prometer é comum, especialmente em contextos religiosos. Mas, sejamos honestos: nós falhamos. O nosso “eu prometo” muitas vezes vira “não deu”, “esqueci”, “foi mal”.

Mas e Deus? Ele promete... e cumpre?

O texto de Josué 4 é uma resposta viva e poderosa para essa pergunta. O povo de Israel está prestes a entrar na Terra Prometida, e Deus realiza algo extraordinário: Ele seca o rio Jordão, assim como havia feito no Mar Vermelho, e faz com que todo o povo passe em terra seca. Mas o que isso nos ensina sobre o caráter de Deus e sobre a nossa caminhada de fé?

Vamos caminhar juntos por esse capítulo e descobrir três lições profundas sobre o Deus que cumpre Suas promessas.

1. Deus Vai à Frente do Seu Povo

Josué foi o sucessor de Moisés e recebeu uma missão gigantesca: conduzir o povo até Canaã e tomar posse da terra. Deus, então, lhe faz uma promessa: "Assim como estive com Moisés, estarei com você... Não o deixarei nem o abandonarei" (Josué 1.5, 9).

No capítulo 3, vemos que a Arca da Aliança ia à frente do povo — símbolo da própria presença de Deus. Era um lembrete visual: Deus está com vocês. Não eram os exércitos de Israel que venceriam as batalhas, mas o Senhor dos Exércitos que caminhava adiante deles.

Eles não atravessaram o Jordão com pontes ou barcos. Foi Deus quem abriu o caminho.

Ainda hoje, as palavras de Jesus nos dizem: "E eis que estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos" (Mateus 28.20b). Essa é a promessa do Emanuel, o Deus conosco. Saber que Ele vai à nossa frente não apenas nos dá coragem, mas também nos leva à obediência. Quem confia, obedece. Quem crê, segue.

2. Deus Prepara o Melhor — Mesmo que Não Seja o Mais Fácil

Desde o Egito, Deus tinha um plano para Seu povo. Ele os libertou da escravidão com o objetivo de levá-los a uma terra boa, “que mana leite e mel” (Êxodo 3.8). Canaã era a concretização dessa promessa.

Mas perceba: o caminho até lá não foi simples. Foram anos no deserto, provações, e agora um rio bloqueando a entrada. Canaã era o “melhor de Deus”, mas exigia fé, esforço, coragem e total dependência do Senhor.

A vontade de Deus para nossa vida é sempre boa, perfeita e agradável (Romanos 12.2), mas nem sempre é confortável. O melhor de Deus não é ausência de problemas, é presença dEle em meio aos problemas — guardemos bem isso em nossas mentes. Em Cristo, temos acesso à herança eterna — a Canaã celestial. E assim como Israel teve que confiar, nós também precisamos caminhar pela fé, mesmo quando a estrada parece difícil.

3. Deus Espera que o Seu Povo Testemunhe

Após atravessarem o Jordão, Deus ordena que um homem de cada tribo pegasse uma pedra do meio do rio, onde os sacerdotes ficaram parados com a arca (Josué 4.2-3). Essas pedras seriam colocadas como memorial: "Quando no futuro os filhos de vocês perguntarem: ‘Que significam estas pedras?’, respondam..." (v. 6-7). Deus queria que o povo nunca esquecesse o que Ele fez. Que seus filhos e netos ouvissem e conhecessem o Senhor. Que aquela travessia se tornasse um testemunho eterno da fidelidade de Deus.

O nosso testemunho também precisa ser visível. Nossas palavras, atitudes e escolhas devem apontar para as grandezas de Deus. Nossa vida deve ser como uma pedra de memória — um sinal de que o Senhor agiu, transformou, salvou. Nesse sentido, as nossas celebrações são compreendidas como memoriais do que Deus fez em nossas vidas, seja pela nossa existência, conquistas, avanços positivos, à exemplo da Igreja Presbiteriana do Brasil, que celebra 150 anos de história em nosso país. Entendendo isso, segue a pergunta (retórica): quem está sendo glorificado? — O único que nos deu todas essas coisas! É Deus quem preserva o seu povo ao longo das gerações. Portanto, que cada igreja local, cada crente fiel, sejam testemunhos que apontam para a fidelidade de Deus.

Conclusão

O capítulo 4 de Josué não é apenas uma narrativa bonita de um milagre antigo. É uma declaração clara de que Deus cumpre o que promete. Ele vai à frente, prepara o melhor e espera que Seu povo não esqueça e proclame.

Você pode confiar nesse Deus. Suas promessas não falham. Seu amor não muda. Sua Palavra permanece.

Como disse Charles Spurgeon: "A promessa de Deus é como uma nota promissória: se Ele a deu, podemos apresentá-la com confiança no banco da fé." E não há cheque sem fundo nas promessas do Senhor.

Que a nossa vida seja um memorial da graça e da fidelidade de Deus. Que os que vierem depois de nós vejam em nós as marcas da presença dEle. E que nunca nos esqueçamos: o mesmo Deus que abriu o Jordão continua conosco — guiando, fortalecendo e cumprindo tudo o que prometeu.

Rev. Aldo Marcos Teixeira