O texto de Atos 13:1-5 nos trás preciosos princípios que devem ser observados pela igreja. Ensina como a Igreja deve buscar a Deus, para ouvir a voz e a direção do Espírito do Senhor na escolha de pessoas que o próprio Deus tem separado para exercer determinadas tarefas na Igreja. Destacamos no texto uma importante questão a ser aprendida pela igreja: a escolha de pessoas para trabalhar na liderança da igreja, em última instância, cabe a Deus, e não a comunidade dos cristãos. Isso é algo que depende da vocação e chamado do Espírito Santo. O papel da igreja, em um processo de eleição, está em ouvir a voz de Deus, em discernir e reconhecer sua direção e vontade.
A Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil afirma em seu artigo 28: a admissão a qualquer ofício depende: da vocação do Espírito Santo, reconhecida pela aprovação do povo de Deus; da ordenação e investidura solenes, conforme a liturgia. Por isso, há a necessidade de discernir a direção de Deus quando se está na eminência de escolher pessoas para exercer essas funções na igreja. Observemos, portanto, as lições que o texto de Atos 13:1-5 nos apresenta:
1.É preciso que a Igreja produza pessoas dispostas e bem preparadas.
Observamos que quando o Espírito Santo despertou a igreja em Antioquia para realizar a obra de levar as boas novas pelo mundo, a igreja apresentou pessoas que estavam preparadas para desenvolver a tarefa. havia na igreja de Antioquia profetas e mestre (v,1). Lucas registrou cinco nomes apresentados pela igreja. Todos eles eram de pessoas qualificadas para realizarem a tarefa: Barnabé, Simeão níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo (v,1). Isso mostra que a questão não era de capacidade pessoal ou espiritualidade, mas sim, de saber quem é que Deus estava chamando para realizar aquela determinada tarefa. A igreja teria que ouvir a voz de Deus, perceber sua direção e discernir sua vontade. Isso nos leva a uma questão, o que é necessário fazer para discernir a vontade ou direção de Deus neste particular?
2.É preciso que a Igreja esteja em comunhão e harmonia com Deus.
O texto nos diz: e, eles (tanto a comunidade, quanto os profetas e mestres) serviam ao Senhor e jejuavam... (v,2). A expressão traduzida em português por servir era a palavra adorador (do grego leitourgountôn, da origem a palavra, liturgia, ou seja, serviço de adoração ). A ideia é que quando Deus se agrada do culto a Ele apresentado pela igreja, Ele, então, revela-se (Sl.25:12,14). A Igreja cultuava ao Senhor, enquanto orava e jejuava sobre o assunto específico, buscando ouvir a voz de Deus e conhecer a sua direção e vontade nesse particular. O resultado veio, o Espírito Santo dirigiu a igreja a ter plena convicção de sua direção e vontade: disse o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado (v,2). Não há outra coisa a fazer senão orar, buscar ao Senhor em jejuns, e continuar cultuando (servindo) ao Senhor com devoção.
3.É preciso entender a necessidade de suporte espiritual daqueles a quem Deus chama.
Após estar convencida da vontade do Senhor, e ter escolhido as pessoas que o Senhor indicou, a igreja promoveu um momento de intercessão por aqueles que foram separados para a obra antes de comissioná-los: Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram (v,3). A imposição de mãos demonstra que a igreja estava comissionando-os, e lhes outorgando sua autoridade para, em seu nome, pregarem o evangelho da graça.
Das observações feitas do texto, tiramos algumas lições para a nossa vida enquanto igreja.
1. É preciso ter pessoas qualificadas para exercerem as tarefas que o Senhor nos chamou a realizar. Isso demonstra o nível de saúde espiritual de uma igreja local.
2. É urgente entender que é Deus quem vocaciona, separa e chama as pessoas para desenvolverem as funções que ele mesmo quer que sejam realizadas.
3. Ao indicar ou escolher pessoas para determinadas tarefas, devemos evitar fazê-lo por predileções, amizades, indicação de outros, interesses pessoais e partidários, ou por quaisquer outros motivos que não seja a direção do Senhor.
4. Para tal, é preciso buscar a face do Senhor em culto, em oração e jejuns, rogando que Ele revele e faça a Sua santa vontade, não a nossa.
Rev. Cláudio Albuquerque (adaptado - Fonte: https://docplayer.com.br/210171432-Boletim-primeira-buscando-entender-a-direcao-de-deus-primeira-igreja-presbiteriana-do-recife-recife-23-a-29-de-maio-de-2021.html)